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Igreja de Portugal pede perdão a vítimas de pedofilia após denúncia contra bispos

A Igreja Católica de Portugal pediu perdão, nesta sexta-feira, às vítimas de agressões sexuais cometidas por religiosos, após a publicação de um relatório independente que expôs milhares de abusos sofridos por menores durante mais de meio século.

Santuário de Fátima em Leiria, Portugal- Foto: Reprodução

“É com dor que, novamente, pedimos perdão a todas as vítimas de abusos sexuais no seio da Igreja Católica em Portugal”, diz um comunicado divulgado após a reunião dos bispos convocada para deliberar sobre o tema na cidade-santuário de Fátima.

O pedido de perdão terá “uma expressão pública em abril”, em Fátima, e será erguido um monumento em homenagem às vítimas durante a próxima Jornada Mundial da Juventude, prevista para o começo de agosto em Lisboa, informou a Assembleia Extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa.

“Reafirmamos nossa firme intenção de fazer todo o possível para que abusos não voltem a ocorrer”, acrescenta o comunicado, que promete “tolerância zero com todos os abusadores e com aqueles que, de alguma forma, ocultaram os abusos que ocorreram no seio da Igreja Católica”.

Em 13 de fevereiro, um relatório elaborado por um grupo de especialistas independentes revelou que membros do clero católico português haviam abusado sexualmente de 4.815 menores desde 1950. Os abusos foram encobertos pela hierarquia eclesiástica de forma “sistêmica”, ressaltaram os especialistas em suas conclusões, após ouvirem mais de 500 testemunhos.

A investigação foi solicitada em 2021 pela Igreja de Portugal, um país de arraigada tradição religiosa, onde 80% da população se definem como católicos. A comissão concluiu que a Igreja portuguesa tem uma cobertura de acobertamento dos casos, e que a quantidade real de vítimas é muito maior.

Os fatos denunciados revelam “situações graves que persistiram durante décadas, que se tornam mais evidentes à medida que se recua no tempo e que, em alguns locais, adquiriram proporções verdadeiramente endêmicas”, concluiu a equipe em outubro, em um relatório preliminar.

Quase 60% dos abusos aconteceram entre as décadas de 1960 e 1980.

A maioria dos casos denunciados já prescreveu, mas 25 depoimentos foram encaminhados ao Ministério Público, que abriu investigações. Antes disso, só 4% das vítimas reportaram os abusos sofridos às autoridades.

Entre os agressores, 77% eram padres. Aproximadamente 48% das vítimas falaram pela primeira vez sobre os abusos de que foram vítimas à comissão independente.

Fonte: O Globo

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