O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou em suas redes sociais, nesta quinta-feira (6), que determinou a instauração de inquérito policial pela Polícia Federal (PF) para investigar a atuação interestadual de organismos nazistas ou neonazistas no Brasil. Segundo o ministro, há indícios de que esses grupos têm se espalhado pelo país e cometido crimes previstos na Lei 7.716/89, que prevê punição para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

A medida foi tomada após o recente ataque a uma creche em Blumenau (SC), no qual um homem invadiu a unidade, matou e feriu crianças. Na semana passada, uma escola em São Paulo também foi alvo de um atentado e uma professora foi morta. Em 2019, o massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), resultou na morte de sete pessoas e os autores, que eram ex-alunos da instituição de ensino, se suicidaram após a tragédia. De acordo com as investigações, os autores do crime eram ativos em fóruns da internet, onde predominam os discursos de ódio, supremacismo branco, bullying e nazismo.
Um relatório elaborado na transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2022, mostra que, desde a primeira década dos anos 2000, houve 16 ataques em escolas no Brasil, dos quais quatro ocorreram no segundo semestre do ano passado, resultando em 35 mortos e 72 feridos. O documento intitulado “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental” apresenta um diagnóstico desse tipo de violência nas escolas e possíveis soluções.
O governo também se comprometeu, ontem (5), com ações de promoção à cultura de paz e não violência na sociedade e instituiu Grupo de Trabalho Interministerial para propor políticas de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas. Além disso, o ministro Flávio Dino anunciou a liberação de R$ 150 milhões para ampliar as patrulhas escolares em todo o país.