às 13:37
Viva! as borboletas. Sempre faço minhas orações, entre as 5 e as 6h da manhã, no quintal, enquanto vou tecendo meu rosário, fico deleitando-me com a paz que carregam as borboletas. São voos leves, onde parecem flutuar, em meio ao vento. Umas são amarela, outras laranja, outras branca pedrez e umas, enormes e belíssimas, que são mais raras. Sua presença são menos frequentes. Estas sempre passam voando voos lerdos e mais altos. As outras, geralmente, ďescem e se alimentam das xananas, que se espalham pelo quintal. O significado, das borboletas, para os místicos, é de transformação. Não é de mudança, pois a transformação está mais ligada ao íntimo do ser, no sentido de crescimento espiritual, e a mudança, ao espaço físico. O vento chega e lança-as longes. Elas dão um rasante e, numa bela acrobacia, retornam às pétalas. Além delas, recebo, também, a visita de um besouro, que se entranha entre as telhas e os caibros, num zumbido estonteante, mas não demora. Logo parte. Tem, também, dois beija-flores, um maior, que tem as penas do peito brancas, e um menor, que, diante dos raios do sol, brilha um verde ofuscante. Eles passam direto pras flores brancas do pé de mamão. Mundam de rota numa facilidade incrível. Fazem zigue-zague… Sobem, descem. Ah, o menorzinho tem o bico vermelho sangue. Dá um lindo contraste com relação as penas verdes, que reluzem um azul inefável. Parecem fadas com suas varinhas… Vou falando com Deus, e, ao mesmo tempo, vou me deleitando com suas obras. Costumo comer as flores da xanana, pois sigo um louco, que conhece toda espécie de planta e qual a sua composição medicinal. Um silêncio tão manso, que parece inundar minha alma. O Céu vai passando em rolos de nuvem brancas sobre um suporte azul. Isso me traz uma calma contemporânea. Tem um gato, preto, do vizinho, que sempre vem desfilando pelo muro, numa elegância simplória e num molejo malandrão, e deita-se sob à sombra do pé de goiaba, do outro vizinho dos fundos. Passa o gavião com seu grito, que rasga ao peito, e, sem bater as asas, segue sua toada. O Bento, meu oxigênio em carne infantil, acorda e já sai do quarto gritando: “Papai! papai!”, abre a porta da cozinha, que dar pro quintal, e corre, com a mãozinha ao rosto, sobre a testa, devido a claridade do sol, e se joga nos meus braços, pedindo pra eu tirar a fralda pra ele mijar… Ponho-o entre meus braços e cheiro o pescocinho dele… Assim começam meus dias.