O acessório, quando colocado na boca, requer cuidados extras a fim de evitar inflamações ou doenças mais graves, como câncer
De acordo com historiadores, o piercing remonta aos tempos antigos, quando as estruturas sociais eram representadas pelo uso de joias. Por exemplo, na Índia, o uso do piercing no septo e na ala do nariz representava as castas mais altas. Quanto aos Maias e Astecas, o piercing na língua distinguia os sacerdotes dos templos. Entretanto, odontólogos reforçam a importância do cuidado extra sob o risco de infecções mais graves na região oral.
Nos anos mais recentes, os piercings na boca têm se tornado uma forma de expressão individual. Contudo, o acessório colocado na língua, lábios, freio superior ou bochechas pode trazer riscos maiores em relação aos aplicados na orelha, por exemplo. O coordenador do curso de Odontologia do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Teresina, Sérgio Pires, ressalta que os procedimentos e a rotina pós-aplicação do piercing são decisivos para a boa cicatrização e saúde do paciente. “Antes de perfurar a região, a pessoa deve procurar um dentista. Os principais problemas conhecidos pelo uso do piercing bucal se deve tanto no momento da colocação como em razão do tipo de material utilizado. Podemos citar ainda os constantes atritos dos tecidos bucais, a dificuldade para a higienização adequada e o impedimento da mastigação de determinados alimentos como facilitadores de doenças mais graves, como infecções, inflamações e, em um nível mais grave, câncer na região”, comenta.
A boca contém milhões de bactérias, motivo pelo qual a probabilidade de infeções depois de um piercing oral seja relativamente alta. Após a aplicação, o dentista Sérgio Pires alerta que a manipulação sem a devida higiene e a fricção do acessório contra os dentes podem danificar a estrutura dental. “É comum que as pessoas fiquem tentadas a ‘brincar’ com o piercing, promovendo atritos com os dentes, os prejudicando. Podem acontecer fraturas e, ao longo do tempo, abrem-se portas para entrada de bactérias. Isso está ligado também à má higiene bucal, quando o paciente não escova os dentes, línguas e bochechas. Piercings na boca precisam de cuidados redobrados. Então, as orientações são simples: lave bem as mãos para tocar no piercing; higienize de forma satisfatória a sua boca, tendo cuidado para não machucar o local do furo; e, não menos importante, visite um dentista a cada três meses, pelo menos”, finaliza o professor.
Para evitar problemas indesejáveis, é importante seguir algumas etapas para prevenir infecções e demais complicações. São elas: higienização diária do piercing com detergente e álcool; escovação adequada dos dentes e região; realização de bochecho com solução antisséptica e redução dos movimentos com a língua e piercing durante fala e mastigação. Ao menor sinal de alterações, o dentista deve ser consultado.