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TEXTOS DA SEMANA

CACOS DE MIM

Ao longos dos anos e dos tempo, fui deteriorando e definhando no físico e na moral. Os dias eram severos e não davam tréguas. Fui deixando pedaços ao longa da vida e adquirindo cicatrizes, às vezes, robustas e malcriadas, mas não importava o tamanho do soco, pois tinha que sobreviver aos trancos e barrancos. Ia amaciando os tombos em tragos de cachaça e na alegria dos amigos, que sofriam socos, decepções e tombos. A terapia estava no trago da aguardente e na mesa do bar. Pensei que iria sucumbir, mas era um sobrevivente das intempéries e das circunstâncias. Seguia por seguir, sem nada pensar, para não entrar em parafuso. Vida que segue. O mundo desmoronava à minha frente, na constância das horas e dos dias. Resolvi não medir mais a fundura do poço e da escuridão, onde me encontrava em cativeiro. Um pouco de loucura, de demência e de dormência aliviava o impacto e o tamanho da queda, da vergonha, do escrutínio das esquinas e dos olhares da cidade, pois era preciso continuar carregando minha cruz e meu azar. Resolvi adotar o lema no verso do Zeca: “Deixa a vida me levar, vida leva eu”. A responsabilidade dos acontecidos nunca estivera em mim, porém, fora de mim, onde eu não tinha ingerência sobre as atrocidades que me assolavam, só força para suportar a desilusão no “air bag” dos dias. Depois de tanto penar, chegou a calmaria, não a bonança, mas pelo menos, já dava para ver e viver sem o trago da cachaça. Sendo assim, o trago voltou a ter o sabor de lazer e não de panaceia. Agora, já dava para vislumbrar a flor dos dias, dos sorrisos que estavam marmorizados e da vida. Houver crescimento, mas estava desempregado, não por demissão, mas por opção. Hoje, sigo cheio de remendos e cicatrizes na carne e na alma, contudo, estou bem, pobre, entretanto, em paz. Voltou o sorriso, os dias mansos, mas a dureza da da vida continua, e eu voltei da asfixia ferrenho e feroz. Escapei fedendo, tênue e tisgo. Salvei-me.

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