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TEXTOS DA SEMANA

SAUDADE II

as 13:00

Reprodução / Teresina de Antigamente

Era sábado, acordava cedinho, tomava um banho de ducha bem demorado, botava meu boné, minha mochila, calçava meus tênis e saía de mansinho para ir a pé ao Mercado Central. Minha Teresina, minha terapia. Saía do bairro Cristo Rei, pela Pizzaria D’Goes e pegava a Av. Odilon Araujo, até o Mercado da Piçarra. Lá, tomava o café da manhã, em meio ao barulho dos feirantes e dos clientes. Demorava-me um pouco para desfrutar do ambiente e partia. Pegava pelo Hospital São Marcos, setor de saúde, e ia cortando por dentro, até chegar à Igreja São Benedito. Por lá, demorava-me mais um pouco em orações, pois o zelo, cheiro e o silêncio do templo atraem-me. Ficava sentado próximo a uma das portas, para sentir ao rosto o vento que adentra o templo. Saía pela porta principal, pois a vista do largo da igreja – Karnak, Correios e praça Pedro II -, causava-me um reboliço de paz e juventude na mina alma. Descia as escadarias e passava na “Banca do Joel”, para dar uma olhada nas novidades. Adoro cheiro de papel impresso… Passava na lotérica para fazer uma fezinha e tomava o caldo de cana com pastel, na lanchonete ao lado. Da Pedro II, pegava o calçadão até à praça Rio Branco onde sentava e ficava apreciando o movimento dos citadinos pra lá e pra cá. Logo ali, aparecia uma vendedora ambulante de cafezinho, sempre tomava, pois trazia um cheiro picante, uma simpatia viçosa e um sabor todo especial. Procurava sentar sempre próximo ao pessoal da velha guarda. Passava na Igreja do Amparo onde o movimento das pessoas no templo durante o dia é mais intenso. Ao sair, dava esmola ao pedinte que ficava sentado à porta principal. Da Igreja passava em frente ao Luxor Hotel e pegava a calçada do Supermercado São Gonçalo, passava em frente ao antigo Tribunal de Justiça e saía em frente à feira dos pássaros. Por lá, também, quedava-me um pouco. No Mercado Central tomava duas ou três cervejas num bar que fica, entocado, lá dentro, depois comprava alguns unguentos, algumas bugigangas e retornava para casa, para começar, efetivamente, meu dia.

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