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Textos da Semana

A TOADA DA VIDA

às 10:40

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Hoje, ando livre de algumas amarras que não nos levam a nada, pois já não me dou à discussões ocas e cheias de egos moribundos. Hoje, prefiro as benesses do anonimato, de andar sem ser notado, um quase invisível. Uma vida feita de momentos agradáveis, um quase sonâmbulo. Até porque, quando o ambiente está muito carregado, pesado, eu fujo pela tangente, saio à francesa. Hoje, ando leve, pois já não me dou ao luxo de ser dono da verdade. Não tenho certezas. No máximo, carrego algumas opiniões, mas que só dizem respeito à minha cosmovisão, são como se fosse uma bússola para que eu posso me orientar em alto mar e nas intempéries. Esta leveza, que nasce na e da alma, me concede o direito de ser quem eu sou – um ser sem títulos e sem posses – um quase andarilho. Chego a degustar a água do pote com a postura do monarca. Embora, desprevenido de bens materiais.
Hoje, ando solto, o que me concede o direito de voar pelos dias com vistas ao futuro, um caminhar à diante, como uma árvore que entendeu a toada do tempo. Amiúda-se a virilidade e chega a experiência. É como o vinho, que vai perdendo à força para adquirir o sabor. A paciência ensina-me a degustar o mundo, a vida, as pessoas, os dias, as horas e as chuvas, com prazer, no mais profundo das suas entranhas, sejam elas magras ou gordurosas. Esta condição de viajante deu-me a opção de viver como um peregrino pelo planeta. Não preciso fincar colunas e nem levantar paredes, que se dispõem a varar o tempo. Construir castelos de pedras, deixa-nos lerdos e a vida pesada. Bom mesmo é viver de sonhos e de levantar moradias de papelão, pois combinam muito mais com nossa passagem por estas paragens. Minha casa sou eu, caramujo. Aonde eu vou, a levo. Sou caracol, pois conduzo, às costas, minha casa, minha mochila que pode ser preta ou colorida. Às vezes, nos dias alegres, minha casa é arco-íris de vento.

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