Aconchegante
as 10:40
Minha cidade é pequenina, do tamanho de um botão. É tão saborosa de se viver… Agora, pela manhã, vi um carambolo correndo sobre a palha seca e tomei um susto, parecia uma labareda de fogo, o bicho é ligeiro. As pessoas aqui são calientes, quanto mais humilde, mais amiga, meiga e atenciosa. O comércio é tão miúdo que em poucos minutos compramos todo. Aqui não temos estresse de buzinas intermitentes e de tráfego sufocante, muito menos, congestionamentos a perder de vista. A população automobilística é rala, a locomoção em massa é feita de bicicleta e de motocicleta. Em toda cidade só há um semáforo que até ontem esteve desligado e que fica na principal. O tempo corre lento, pois acordo às 5h e para chegar ao crepúsculo o tempo demora. Vou várias vezes, quando necessário, ao Centro, as conversas são em ritmo de matutagem, são prosas granuladas, despreocupadas e solteiras. Sentados sobre o banco das motos, as pessoas passam horas e horas conversando e sorrindo, à sombra dos oitis que ficam na praça do mercado. Fui ao salão do Dom José pela manhã para cortar os cabelos, o que faço uma vez ao mês. Ele vai cortando e vamos proseando sobre o nosso cotidiano, o dele, o meu e o da cidade. Disse-me que no Natal não costuma bebe cerveja, só ceia, mas que no Ano Novo bebe dois ou três copos de cerveja, no máximo. Disse-me, ainda, que todo final de semana e feriado quando termina o expediente do salão vai com a família passear na casa da sua matriarca que fica no povoado Condessa.