O Pix, meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, deve ganhar novas regras ainda este mês. O Banco Central prepara a regulamentação do Pix parcelado, serviço que já está disponível em pelo menos dez instituições financeiras e que funciona como uma linha de crédito.
Hoje, existem duas modalidades oferecidas: o empréstimo pessoal, em que as parcelas são debitadas diretamente da conta do cliente, e o parcelamento no cartão de crédito, em que o valor é lançado na fatura. Em ambos os casos, há cobrança de juros.
Desde o lançamento, em novembro de 2020, até junho de 2025, o Pix movimentou R$ 76,2 trilhões em 176,4 bilhões de transações. A média por operação foi de R$ 1.362, e o recorde ocorreu em 6 de junho de 2025, quando foram realizadas 276,7 milhões de transferências, somando R$ 135,6 bilhões.
Risco de endividamento
Especialistas alertam que o Pix parcelado deve ampliar o acesso ao crédito para mais de 60 milhões de brasileiros sem cartão de crédito, mas exige cautela. As taxas variam de 1,59% a 9,99% ao mês, dependendo do perfil do cliente e da análise de crédito.
“O Pix parcelado não é um Pix, é um produto financeiro. No fim das contas, o consumidor está contratando um empréstimo bancário”, explica o advogado Thiago Amaral, do BTLaw.
A educadora financeira Cíntia Senna (Dsop) reforça a necessidade de atenção:
“Apesar de parecer uma alternativa simples e rápida, trata-se de crédito com juros. É essencial comparar taxas, avaliar se o desconto à vista realmente compensa e evitar compras por impulso.”
Segundo ela, o parcelamento pode se tornar mais caro do que outras opções, como empréstimo consignado, que costuma ter juros menores.
Experiência dos bancos
- C6 Bank: juros a partir de 3,99% ao mês, parcelamento em até 12 vezes.
- Itaú Unibanco: disponível desde novembro de 2024, com até 12 parcelas e simulação antes da contratação.
- Inter: oferece desde 2023; juros a partir de 2,99% ao mês em até 18 vezes.
- Santander: lançamento gradual neste mês; juros a partir de 1,59% ao mês.
- Will Bank: disponibiliza Pix no crédito e parcelado desde 2023.
- Mercado Pago: opção desde 2021, em até 12 vezes, com taxas personalizadas.
- Nubank: Pix no crédito desde 2022, em até 12 parcelas.
- Bradesco: crédito vinculado ao Pix desde 2022; novas modalidades previstas.
- Banco do Brasil: oferece Pix parcelado como empréstimo pessoal, com contratação a partir de R$ 100.
- Banco Pan: Pix parcelado no cartão desde março de 2024, com juros a partir de 9,99% ao mês.
O que muda com a regulamentação?
A Febraban destaca que o Pix parcelado será opcional e dependerá da estratégia de cada banco. A padronização do BC deve trazer mais clareza ao consumidor, uniformizando nomes, regras e condições.
Para o especialista Murilo Rabusky, da Lina Open X, a medida deve beneficiar o comércio:
“O Pix parcelado pode transformar a relação entre consumidores, lojistas e o sistema financeiro, consolidando o Brasil como líder global em pagamentos digitais.”
Cuidados antes de contratar
- Lembre-se: é um empréstimo com juros.
- Compare taxas com outras modalidades de crédito.
- Avalie se o desconto à vista compensa frente ao parcelamento.
- Evite agir por impulso.
- Dê preferência a linhas mais baratas, como o consignado, quando disponíveis.
Com a regulamentação, o Pix parcelado tende a se tornar mais transparente e acessível, mas especialistas reforçam: trata-se de dívida, e precisa ser planejada com responsabilidade.