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Festa dos Vaqueiros vai celebrar a cultura sertaneja em Pedro II

O vaqueiro, onde chega dispensa apresentação, pois os seus trajes falam por si. Além de carregarem história e bravura, vestes como chapéu de couro e gibão servem também para protegê-lo dos perigos da caatinga. Há mais de 200 anos, a profissão do vaqueiro se mantém viva no sertão do Piauí. Símbolo do estado, o vaqueiro é uma figura carismática que conquista a admiração e o respeito de crianças, jovens e adultos. É uma espécie de super-herói da vida real, que inspira as novas gerações por sua coragem, determinação e, principalmente, pela felicidade, mesmo em meio às dificuldades da vida simples no sertão. 

Fernando Uchôa, decidiu que seria vaqueiro ainda na infância: “quando eu tinha sete para oito anos de idade, eu sempre ia atrás dos mais velhos para aprender a labuta com os animais e, principalmente, a correr na caatinga. Sempre tive muita vontade de aprender, os vaqueiros mais antigos não queriam me levar porque eu era muito novo.  Mas eu sempre dava um jeito de ir atrás. Eu acho bonito demais o chiado dos cipós. E ,apesar das dificuldades e de muitas cicatrizes pelo corpo, me orgulho muito do que sou.”

Vale ressaltar que o vaqueiro é a figura central da criação de bovinos nas propriedades do nordeste. Como a história do Piauí é “testemunha”, a profissão é uma das primeiras do estado e o tipo étnico do vaqueiro provém do contato do branco colonizador com o índio durante a inclusão do gado nos sertões do nordeste brasileiro.

Seu trabalho é árduo e exige habilidades como: cuidado com o manejo dos animais, conhecimentos sobre medicina tradicional, cultivo de grãos e pastos. Além das atividades de comercialização da carne, do leite e seus derivados. Apesar da implantação de tecnologias na pecuária, em alguns municípios do Piauí, como é o caso de Pedro II, distante 200km de Teresina, a cultura permanece praticamente intacta e a profissão secular vai passando de geração em geração.

Com objetivo de preservar esta cultura e tornar público a sua relevância histórica, social e econômica. Acontece no dia 27 de maio, na comunidade São Luís, a 20 km de Pedro II, a sexta edição da Pega de boi no mato Manoel Fernandes. Que leva o nome do avô paterno de Fernando que era vaqueiro.

O evento é realizado no sítio da dona Altina Uchôa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agriculturas Familiares de Pedro II. Ela conta que a paixão do filho fez com que ela se apaixonasse pela tradição e se tornasse uma incentivadora da cultura do vaqueiro. “A paixão do meu filho por esta profissão me contagiou de tal modo, que desde 2016, sempre, no mês de maio, fazemos o evento que reúne centenas de vaqueiros de várias comunidades de Pedro II e região. É uma profissão que amo e admiro muito. E enquanto eu viver, sempre vou buscar contribuir para a divulgação desta cultura que é feita por agricultores, pessoas sofredoras, que tiram o sustento da criação de animais e do cultivo com a terra e,muitas vezes, não têm o devido respeito por parte dos patrões e do poder público.”

O senhor Francisco Carneiro, mais conhecido como “Teixeira” é vaqueiro e agricultor familiar há mais de 40 anos, e é um dos organizadores do evento. Ele destaca a felicidade de receber tantos amigos de profissão: ” É muito bom reunir os amigos e esta é uma tradição que vai passando de geração em geração. Meu pai me ensinou, eu ensinei para os meus filhos e vai passando também para os amigos, um ensinando o outro.”

Pega de Boi no Mato

O evento vai reunir cerca de 100 duplas de vaqueiros que vão simular a lida com o gado na caatinga. A tarefa é secular; pegar a marra do boi dentro do mato fechado, por cima de pau e pedra, enfrentando cipós e mandacarus. Na hora que dispara o cronômetro, com seu cavalo vistoso e em alta velocidade, o vaqueiro entra na vegetação. A meta é cortar a “marra do boi” (que é um cordão colocado no pescoço do animal, fino, para facilitar a retirada pelo vaqueiro e não maltratar o animal) quem fizer isso mais rápido, vence a disputa.

Programação

A atividade, começa às 07 horas da manhã com café para os vaqueiros.  Às 08:00 acontece uma celebração religiosa. E às 9:30 começam as inscrições para a pega de boi no mato. Já às 12:00 Haverá uma pausa para o almoço dos vaqueiros. E às 14 horas retorna-se com a disputa e às 18 horas serão divulgados os nomes das duplas com os menores tempos. São quatro mil reais em prêmios para 1°,2°,3°,4°,5°,6°colocados. A animação fica por conta das seguintes atrações: Naldo Tigrão, César Araújo, Augusto do Paredão e Matheus locutor.

Fonte: Cidadeverde.com

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