Sábado, Setembro 7, 2024
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COISAS DE POESIA, POLÍTICA E BOTECO

UMA NESGUINHA DE NADA

O bar é uma nesguinha de nada no canto de uma esquina, onde a galera se amontoa uns por cima dos outros para assistir o futebol do final de semana. O lugar é tímido e quente, porém arejado a colhedor. tem um puxadinho com três colunas vermelhas, magrelas e pretas, e ao pé de cada uma, um jarro com uma plantinha para espalhar mal olhado. Numa das paredes, o dono, que é flamenguista doente, bota uma televisão de tela plana para os dias de jogos dos campeonatos nacionais e internacionais. Talvez seja ela o maior atrativo, depois do trago da aguardente, da gritaria da torcida e da cerveja gelada.

Apesar de ser torcedor ferrenho das longas datas, não se apavora quando o time perde, pois depois de tantos anos de estrada acompanhando o futebol, entendeu que sempre haverá um perdedor e um ganhador. Que o futebol é cheio de malandragem. sabotagem e máfia, pois passam milhões e milhões pelos cofres das agremiações e saem pelo ralo. Entendeu que os torcedores são os únicos bobões nessa arena, pois os jogadores que jogam em times arquirrivais estão sempre juntos nas orgias e boates caras que acontecem após as partidas.

Como diz meu velho pai “Já está passado no casco do alho”. Ainda bem que a galera que frequenta a nesguinha de bar com suas plantinhas e suave algazarra é toda do bem e da paz. Além do parentesco entre eles, são amigos de infância. Inclusive, o próprio dono do bar é parente da grande maioria, inclusive da própria esposa. Fico na última mesa e na última cadeira do outro lado da rua, observando como aquele espetáculo é necessário àquelas pessoas que passam a semana trabalhando no pesado e no meio do Sol para pagar as contas no final do mês.

Sabemos que na realidade tudo é uma grande trama, pois já está tudo determinado desde a primeira partida, quem será o vice e o campeão, pois tudo é uma arena com espetáculo conduzido e produzido por uma grande máfia.

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