O advogado Lucas Villa, que atuou na defesa de Itallo Bruno, deu esclarecimentos sobre a delação premiada feita entre a Polícia Civil do Piauí e o influenciador. Com o acordo, o investigado não irá processar o Estado e poderá voltar às atividades de forma regular. Anteriormente, a Polícia Civil havia divulgado que o influencer lavava dinheiro para uma facção criminosa em Teresina, o que foi descartado na manhã desta terça-feira (23) durante coletiva. Com a delação, Itallo abriu mão de boa parte dos bens adquiridos e poderá retornar às redes sociais.
“Nós não vamos processar o Estado porque a gente acabou de fazer um acordo com o Estado. Da nossa parte, o Itallo está bem tranquilo em relação a isso, nós entendemos que a polícia trabalha com hipóteses criminais. E não há nada de fora do comum que, eventualmente, em uma investigação algumas hipóteses criminais se confirmem e outras não. Então é natural que isso aconteça, não há da parte do Itallo Bruno qualquer predisposição a processar o Estado ou processar quem quer que seja. Ele tem consciência de que realizava uma atividade sem autorização, uma contravenção penal de exploração de jogo de azar”, destacou.
Sobre a informação de suposto envolvimento com facção criminosa, o advogado destacou que o contato entre Itallo e um faccionado seria sobre a negociação de um carro, no qual, ele era apenas intermediário.
“Como o delegado disse, houve uma transação com uma pessoa ligada à facção criminosa, mas que era relativa a compra e venda de um veículo, que foi apenas intermediado, não foi foi feita pela Itallo e ele sequer sabia que essa pessoa tinha ligação com facção criminosa, isso a polícia observou com a investigação”, disse.
A defesa de Itallo procurou a polícia para fazer a delação, sendo os critérios analisados com o apoio do Ministério Público. Os envolvidos cederam bens, com o acordo, que serão revertidos a projetos sociais, segundo a polícia. Dentro do acordo, também foi concedida a Itallo o retorno de suas redes sociais, onde ele poderá continuar com a atividade, mas de foram legalizada. Lucas Villa, em nome do influenciador, diz que o sentimento é de alívio e comemorou o acordo celebrado.
“Nós ficamos muito felizes que tenha sido esclarecida uma hipótese criminal. Não havia nas rifas do Itallo Bruno, nos sorteios que ele promovia, nada de dinheiro de facção criminosa. Claro que causa uma estranheza, uma movimentação financeira tão grande, advinda de sorteios no instagram, mas nós fornecemos à polícia, as senhas e relatórios do aplicativo que ele usava para fazer a gestão das suas rifas e foi possível perceber que os valores eram provenientes da contravenção penal de jogo de azar. Era todo dinheiro vindo da rifa”, pontuou o advogado.
Delação premiada
Como o Itallo e seus familiares colaboraram com as investigações, eles receberam alguns benefícios, entre eles: “Não responderão a uma ação penal ou não haverá oferecimento da denúncia ou será aplicado o instituto do perdão judicial, em contrapartida colaboramos com elementos essenciais que vão dar esclarecimento de outras práticas delituosas que ocorrem no estado”, disse.
A polícia também confirmou que o influencer abriu mão dos bens conquistados. “Ele abriu mão da totalidade de seus bens, restando alguns apenas para garantir eventuais prejuízos a eventuais e supostas vítimas, além de um bem de família. Ele reconheceu os crimes cometidos de lavar dinheiro, a organização criminosa e o jogo de azar e deu elementos novos, abriu um leque, um horizonte para as novas investigações. Nós não iremos pormenorizar esse instrumento porque ele é um objeto de segredo, de justiça, mas nós adiantamos esses aspectos. Os bens que o investigado abriu mão serão revertidos para a Secretaria de Segurança Pública do Piauí, e em primeira mão, o nosso secretário, doutor Chico Lucas, já afirmou que grande parte desses valores revertidos irão retornar para a sociedade por meios de ações sociais”, explicou o delegado Humberto Mácola durante coletiva de imprensa.
Foto: Jade Araujo / A10+
O advogado destacou que Itallo vai retornar para as redes sociais, onde poderá a trabalhar com rifas, novamente, mas em conformidade com a lei. “O Itallo vai poder voltar para às redes sociais, o Instagram será restituído, com autorização para que ele retorne a fazer suas rifas desde que autorizado pelas autoridades competentes. Ele se regularizando, coisa que já estamos trabalhando, Itallo vai poder voltar a realizar seus jogos”, afirmou.
Lucas concluiu que Itallo manifesta sentimento de gratidão ao Estado e que agora vai dar a volta por cima. “Foi momento muito difícil para Itallo e sua família, mas é de amadurecimento e aprendizado. Ele retorna sem sentimento de mágoa, mas com sentimento de gratidão que tiveram o cuidado de ouvir sua defesa, e possibilitar esse retorno, essa tentativa de dar a volta por cima. Ele é grato pelo fato de ele ter sido possibilitado fazer esse acordo de colaboração premiada e a partir de agora atuará dentro da lei”, finalizou.
Delegado descarta sentimento de impunidade
O caso de delação pode Itallo Bruno foi visto como algo inédito no estado. Questionado sobre a a abertura de precedentes para casos parecidos, o delegado Humberto Mácola descarta o sentimento de impunidade. O policial explica que Itallo reconheceu os crimes e que a delação premiada foi aprovada por dar suporte as investigações no estado.
“O instituto de colaboração premiada é um instituto legal bastante utilizado como um avanço para investigações e para sociedade, para que a sociedade possa ter noção do que está acontecendo. Nesse caso não será um aval, será uma regularização, uma advertência, inclusive replicando para as pessoas que tinham o Itallo como uma referencia de contravenção penal, de lavagem de dinheiro e organização criminosa, que isso não se sustente. Ele retornando regularizado, ele retornando de forma legal ele estimulará a regularização de outras pessoas. A delação premiada existe para que o bem comum prevaleça”, afirma o delegado.
Delegado Humberto Mácola Foto: Jade Araujo / A10+