A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu um suposto pai de santo acusado de estupro e estupro de vulnerável, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, durante a operação Canto da Sereia, deflagrada na última semana. A ação da PCMG cumpriu ainda dois mandados de busca e apreensão no bairro Jaqueline, região de Venda Nova, na capital.
As investigações tiveram início no último dia 23 de março, quando três vítimas denunciaram o homem na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), em Belo Horizonte. Segundo as vítimas, o homem, que atuava como líder religioso na religião do candomblé, afirmava que era necessário um “ritual de pureza” para propiciar curas e, aproveitando-se da hierarquia na religião, praticava abusos sexuais de adolescentes e mulheres. Por conta disso, a operação recebeu o nome Canto da Sereia.
De acordo com o delegado Eduardo Vieira, titular da Divisão Especializada de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), o canto da sereia, na mitologia, tem um viés de sedução, e “no caso em questão, o investigado se valia da religião para ludibriar diversas mulheres, entre elas adolescentes, e com isso aproveitou algumas oportunidades para realizar os abusos sexuais com relação a essas mulheres”.
Entre as vítimas, há duas adolescentes, uma delas já estuprada pelo suspeito desde os 8 anos, atualmente com 15. A outra vítima, de 18 anos, também frequentava o espaço no qual o homem atuava como líder religioso. Segundo a delegada Larissa Mayehofer, “nos atos religiosos, as pessoas que procuravam o pai de santo para alguma cura ou tratamento de alguma enfermidade física, aconselhamento espiritual ou problema emocional eram molestadas por ele durante essas sessões de tratamento”.
A delegada ainda ressalta que o homem colocava um temor nas vítimas, fazendo-as acreditar que ele era um pai de santo poderoso e que nunca seria preso. “O que ele fazia era uma coisa normal, um tratamento”, afirmou. As investigações apontam ainda que as vítimas procuravam o suspeito acreditando que teriam cura, mas eram abusadas sexualmente.
O homem já foi indiciado pelos crimes de estupro e violação sexual mediante fraude, fato ocorrido em 2019 com investigações concluídas em 2022 pela equipe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) na capital. A PCMG já tem informações de outras vítimas e reforça a necessidade de denúncia.