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Delegado diz que PM fraudou certidão e fez ameaças por seguro

A Polícia Civil do Piauí revelou novos detalhes sobre o assassinato do caseiro José Ribamar Pereira Osório, ocorrido em abril de 2023, em Santo Inácio do Piauí. O principal suspeito do crime é o tenente da Polícia Militar Alexandre Tupinambá, preso temporariamente no último sábado (18). As investigações apontam que o militar teria planejado o homicídio para receber o valor de um seguro de vida contratado em nome da vítima.

De acordo com o delegado Tales Gomes, o tenente chamou o caseiro ao seu sítio na madrugada de 12 de abril de 2023, pedindo que ele não contasse à família para onde estava indo. Horas depois, o homem foi encontrado morto.

“Dois meses após a morte, uma seguradora procurou os familiares e causou surpresa. Descobrimos que o tenente havia transferido sua empresa de publicidade para o nome do caseiro, apenas para contratar o seguro. O contrato foi feito em 21 de março e a morte ocorreu em 12 de abril”, explicou o delegado.

As apurações comprovaram que Tupinambá estava na cidade no dia do crime e que adulterou documentos públicos para tentar receber o seguro. O oficial também é acusado de coagir testemunhas e ameaçar funcionários de um cartório, chegando a exibir uma arma para forçar a alteração da causa da morte.

Certidão de óbito alterada

Inicialmente, o óbito foi registrado como “parada cardíaca” — causa não coberta pelo seguro. O tenente teria modificado o documento para “morte por descarga elétrica”, o que levantou suspeitas da seguradora.

“Ele saiu do cartório com a declaração, retornou com ela alterada e exigiu a emissão de uma nova certidão. Foi quando o seguro desconfiou e procurou a família”, detalhou Tales Gomes.

Tentativa de suborno

Quando os familiares foram informados sobre o seguro de R$ 1,5 milhão, o tenente ofereceu R$ 150 mil à filha do caseiro para que ela não contasse nada aos demais parentes.

“Ele dizia que não foi homicídio, que queria resolver internamente e dar uma quantia para a filha da vítima”, afirmou o delegado.

O militar já havia sido ouvido em 2024 e negou todas as acusações. No entanto, sua prisão temporária de 30 dias foi decretada após uma testemunha denunciar novas ameaças.

“Na segunda-feira, tomamos o depoimento de uma pessoa, e no dia seguinte o tenente foi procurá-la, tentando descobrir o que ela havia dito. Diante da coação e das provas apresentadas, representamos pela prisão”, finalizou o delegado Tales Gomes.

A seguradora suspendeu o pagamento do seguro até a conclusão do inquérito. A Polícia Civil segue investigando o envolvimento do tenente em outros possíveis crimes de fraude e extorsão.

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